sábado, 19 de junho de 2010

As férias de Verão estão à porta...

A pensar nas férias que se aproximam, a nossa amiga Ofélia lembrou-se de nós Pnepianos e enviou o texto "Castelos de areia" de Natércia Rocha. 
Ora leiam, esqueçam por uns momentos o trabalho e sintam a brisa do mar que o acompanha... 

Castelos de areia


Junto a uma serra há uma praia pequenina, de areia macia, onde as crianças gostam de brincar. É ali que se encontram muitas vezes a Rita, o Miguel e o André, três primos, cuja melhor brincadeira é construir castelos, ali à beira do mar. Mas são sempre uns senhores castelos! Altos, com torres e torreões, com portas e portões! E é ver quem faz o castelo mais alto, mais complicado, mais... tudo!
Um dia, os primos resolveram construir um castelo com pessoas, cavalos, portas, janelas, árvores e tudo o mais que lhes viesse à cabeça. E o castelo ali se ergueu, maior do que todos os outros.
— Castelo sem princesa, nunca se viu! — disse a Rita. E logo os primos puseram uma princesa à janela.
— Castelo sem bandeiras, nunca se viu! — disse o Miguel. E logo apareceram bandeiras de papel na torre mais alta, a ondular ao vento.
— Castelo sem fosso, nunca se viu! — queixava-se agora o André. E lá fizeram um fosso cheio de água.
— Um castelo deve ter bruxas! — continuou a Rita. E ela mesma fez uma bruxa a saltar da torre, montada numa vassoura.
— Um castelo deve ter fadas! — pediu o André. E a fada entrou pela ponte levadiça.
— Um castelo deve ter um gigante! — E o Miguel ria-se enquanto fazia um gigante ao lado da fada.
— À noite, as tempestades metem medo! — E a Rita salpicava o castelo com água do mar, como se fosse uma grande chuvada.
— E o vento sopra forte... — E todos sopravam e riam, riam e sopravam.
— E um dragão, um castelo precisa de um dragão! — gritou o Miguel — Vamos fazer um dragão.
— Não vamos fazer dragão nenhum; o Fofinho serve. — E a Rita puxou o cão para junto do castelo.
— E agora chega o príncipe e mata o dragão. — anunciou o André.
— Mata nada! O cão é meu! — gritou o Miguel, agarrado ao Fofinho, que não parecia interessado em fazer o papel de dragão.
Entretanto, o mar tinha subido devagarinho e já destruíra uma porta do castelo.
— Meninos, são horas do almoço! — chamava a tia Isabel. — Já estão há muito tempo aí ao sol.
— É isso! É isso! — disse o Miguel, muito sisudo. — É o tempo, é o tempo! Não há castelo que escape aos ataques do tempo! Ele passa e as muralhas irão cair, as paredes abrirão fendas; do castelo em ruínas fugirão fadas e dragões, bruxas e gigantes! Amanhã será a altura de reconstruirmos o nosso castelo.
— Amanhã faremos novas torres — garantia o André.
— Amanhã teremos novas fadas — afirmava o Miguel.
— Pois é, e hoje teremos novo almoço! Vamos comer.
E a Rita correu para casa com os primos e o cão-dragão atrás dela.
O castelo ali ficou na luta com o mar. Aos poucos, as torres caíram, o fosso desfez-se, a fada já não era mais do que um montinho de areia, arredondado pelas ondas. O mar ia deixar a praia de novo lisa e macia, pronta para que as crianças viessem construir os seus castelos de areia com dragões, gigantes e feiticeiros.
Amanhã, recomeçará a brincadeira do mar e das Ritas, dos Migueis e dos Andrés que sonham e constroem castelos de areia.

Natércia Rocha
Castelos de areia
Venda Nova, Bertrand Editora, 1995

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